Greves

Fazendo uso de uma linguagem com um tom mais proletariado, eu diria que historicamente as greves se fundem ao processo de politização da população. Temos que concordar que quanto mais evoluído é o país, mais instruídos são os trabalhadores e mais estes lutam por seus direitos. Como exemplo desta "cadeia de valores", temos os países do continente  Europeu, onde os movimentos trabalhistas são bem organizados, possuem o apoio maciço das classes operárias e sempre que iniciam ações grevistas conseguem atingir aproximadamente 85% do efetivo trabalhista da classe mobilizada.

Tanto as greves que acompanhamos recentemente na Espanha (G1.COM  - que exige que as "reformas de austeridade trabalhista" tenham um fim imediato), na França (Rejoignez  / JN - contra o aumento da idade para aposentadoria)  como  também as "Greves Históricas" mostram que a famigerada luta de classes persiste em nosso tempo e também que, infelizmente, ainda são necessários atos extremos para que o bem-estar (na verdade não se trata de bem-estar, mas sim das condições mínimas para uma vida digna) de uma classe seja garantido.

A greve nacional dos bancários brasileiros neste mês vem apenas reforçar isso. Os bancos múltiplos  lucraram juntos em 2009 mais de R$ 25 bilhões e neste ano propõe um aumento de 4,29% aos seus funcionários, enquanto as empresas do setor automobilístico como a Volvo, que lucraram menos da metade  que os bancos múltiplos, foram abertas as negociações com seus funcionários e chegaram a valores expressivos de aumento e abono salarial (AOL). O oposto ocorre com os dirigentes do setor bancário, que parecem não se preocupar muito com os problemas enfrentados pela população devido a greve,  não propõe acordos/soluções a curto prazo e passam por um processo de falta de credibilidade junto aos funcionários de suas instituições (o maior exemplo disso é o crescente número de bancários insatisfeitos com as suas condições de trabalho e as crescentes reclamações referentes a metas abusivas e assédio moral).